sexta-feira, 16 de abril de 2010

A obra de Cândido Portinari nas telas neste dia 22/04

A extensa obra do pintor Cândido Portinari, autor de mais de cinco mil quadros, é examinada pelo prisma de sua temática e inspirações. Examina-se a relação de sua pintura com sua origem, filho de imigrantes italianos nascido em Brodowsky, no interior paulista, que foi talento precoce aos 9 anos de idade. Além de apresentar algumas de suas telas, reconstituem-se cenas de sua terra natal que marcaram seu imaginário – como o futebol de meninos, o enterro infantil com caixãozinho azul e os camponeses e trabalhadores em seus afazeres. O filme "Cândido Portinari, o Pintor de Brodósqui", de João Batista de Andrade e o filme desta semana em nosso cine. Este documentário curta-metragem produzido em 1968, em preto e branco abrirá a sessão. Logo após a exibição do curta, haverá mesa que contará com a presença de Emanuel Franco (Artista Plástico), Vânia Leal (responsável pela Ação Educativa do Arte Pará) e de Luizan Pinheiro (Professor.Doutor FAV/ICA/UFPA) com uma panorâmica das artes plásticas em nosso Estado.
Nesta edição temos a parceria do CTAV (RJ), que cedeu de seu o filme para esta sessão.
A sessão começa às 19 horas e a entrada é FRACA.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Nesta quinta dia 08/04, exibição do documentário Il Filo Brasiliano (ou "O Fio Brasileiro" em tradução livre), de Marilia Cioni.


Il Filo Brasiliano ( ou "O Fio Brasileiro" em tradução livre) é uma das iniciativas que procuram resgatar a presença do Brasil na volta da democracia na Itália, desconhecida para a maioria dos italianos e que teve a participação decisiva de mais de 25 mil pracinhas brasileiros.
"Nosso Exército era pequeno em comparação a outras forças. Talvez, por isso, apenas os moradores destas cidades lembram da presença brasileira", afirma o coronel José Carlos dos Santos.
"É uma postura de ignorância, ou de baixa importância que deram ao nosso país. Mas as coisas estão mudando. O Brasil está de moda na Europa e isso deve ajudar a recuperar esta memória".

Surpresa

Conforme a diretora Marilia Cioni, o documentário, que será exibido no Cine Na Memória nesta quinta-feira, não conta apenas a passagem dos pracinhas em território italiano, com suas batalhas e movimentos de tropas.
Mas, principalmente, as marcas que ficaram do relacionamento deles com a população.
Cioni soube por acaso que o Brasil havia mandado uma tropa para defender seu país da ocupação nazista, depois de Getúlio Vargas declarar guerra à Alemanha, Itália e Japão em 1944.
Ela estava nas montanhas, numa cidadezinha entre Bolonha e Florença, quando percebeu que uma das ruas principais chamava-se Brasil.
"Fiquei supresa quando um dos moradores de Montese me disse que se não fosse pelo Brasil e pelos brasileiros eles estariam falando alemão, ou teriam morrido de fome", lembra.
"A participação dos pracinhas não consta em nenhum livro de História Contemporânea na Itália e até os professores universitários ignoram. Decidi que essa era uma história que precisava ser contada", finaliza a diretora.

Sem registro

Il Filo Brasiliano foi realizado pela Digital Desk em co-produção com a Fundação Mediateca Regional Toscana.
Conta com o patrocínio do Ministério das Relações Exteriores, do governo da Região Emília Romagna e de oito prefeituras italianas, além do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo.
Segundo Marilia Cioni, apesar de não existirem registros nacionais, na região onde os pracinhas estiveram, no inverno de 1944 e 1945, a memória ainda está muito viva.
"Nas quase 30 cidades e lugarejos que percorri, entre Pisa, Pistóia, Florença, Bolonha e Módena, vi ruas, avenidas, praças monumentos, placas, ou pedras com o nome do Brasil. A população se esforça para preservar essa memória", disse.
Em Gaggio Montano, por exemplo, os habitantes costumam celebrar todos os anos o Dia do Mingau da Amizade. Eles fazem uma mistura parecida com a comida quente oferecida pelos pracinhas para amenizar a fome naquele inverno com temperatura de -20Cº.
Já em Montese, onde a Força Expedicionária Brasileira (FEB) travou a batalha mais difícil e teve 400 baixas, a bandeira do Brasil é hasteada ao lado da italiana todo 25 de abril.

Reencontro

No documentário, Marilia Cioni apresenta imagens da época em preto e branco.
Os depoimentos recentes de brasileiros e italianos são registrados em cores. São histórias emocionates, alegres e dramáticas.
Em uma cena, é mostrado o reencontro da italiana Yolanda Marata com o veterano Nilson Vasco Gondin.
Ele lembra de ter preparado a ceia do Natal de 1944 na casa da família dela, em Vergato.
"Guerra jamais. Principalmente, envolvendo nações que não têm nada a ver com isso. Nós, lá no Brasil, não tínhamos nada que ver com essa guerra", diz Gondin na abertura do trailer do filme.
Num outro momento, Cesarina Turrini, de Montese, um dos últimos redutos alemães, diz que nunca poderá esquecer dos brasileiros.
Em seguida, começa a cantarolar Deus salve a América…. E, depois, "ai, ai, ai, ai, está chegando a hora…", músicas, de acordo com ela, cantadas com freqüência pelos homens da FEB.
"Tem um lugar privilegiado na minha memória sobre os pracinhas, suas dificuldades e seu sacrifício. Aqui morreram muitos brasileiros", diz Francesco Arnoaldi Berdi, em frente a fortificação de Monte Castello, terreno onde ficaram os pracinhas na época e que pertencia a sua família.
Ao final da guerra, os pracinhas fizeram prisioneiros 20 mil alemães. Como não regressaram imediatamente para casa, a amizade com os italianos foi se intensificando, resultando inúmeras histórias de amor.
Pelo menos 50 casamentos se realizaram e o lixo de guerra abandonado por eles virou título do documentário de Marilia.
"Eles deixaram em Porreta-Terme quilômetros e quilômetros de fios de cobre, usados para fazer ligações telefônicas entre o front e a retaguarda", recorda.
"Um dos idosos que entrevistei, disse que a população usou esses fios para fazer a rede telefônica dessa cidadezinha. Até hoje, eles chamam esse fio de brasileiro".